segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O DESAFINADO CORO DOS CONTENTES

A ilusória percepção da felicidade
Por D.M. Santellano









A compreensão humana a respeito do sentimento de felicidade baseia-se em critérios duvidosos. Enquanto sorrimos, um sem número de semelhantes sofrem, dia após dia, sem proporcionar o sentimento de compaixão na maioria das pessoas que possuem uma condição existencial satisfatória. O argumento de que os que sofrem não é por acaso torna-se transviado quando a agonia sobre nós recai, e percebemos então que os males não atingem apenas o próximo.

Quando há a afirmativa de que estamos felizes na maioria das vezes é sincero tal veredicto. Porém, a sinceridade na afirmativa daquele que a profere não exclui a análise superficial da conclusão. Posto que vivemos em um mesmo mundo, sejam os necessitados ou os fartos, devemos obrigatoriamente ter um ponto de vista coletivo em se tratando de alegria. Esta deve ser humanamente compartilhada.

Não devemos colocar um sentimento tão nobre em um lugar tão baixo, onde o deleite dos contentes é um prato a ser desfrutado as escondidas no meio de uma multidão de famintos. O trabalho do justo é proporcionar um banquete para todos que estão desnutridos de felicidade e precisam, com urgência, dos nutrientes que ela tem a oferecer. E sem dúvida tais nutrientes são mais poderosos que a droga mais bem elaborada que podemos ter conhecimento.
No entanto, a parte mais degenerada moralmente está de tal forma enraizada que é capaz de borrar toda a bela obra Criada e transformá-la em um quadro abstrato sem sentido cuja a matéria prima é constituída pelas lágimas e pelo sangue de milhões de miseráveis que gritam por auxílio diariamente. São gritos estridentes que não se fazem ouvir por uma legião de surdos com uma deficiência adquirida propositalmente. É melhor não perceber para não ter que se envolver.



Devemos exercer nossa individualidade quando em busca do auto-conhecimento a fim de obtermos uma elevação espiritual. O domínio interior é desperto quando o indivíduo possui consciência da sua grandeza e como reflexo disso aprende a respeitar o próximo. Só que no âmbito social é diferente e o individualismo converte-se em egoísmo tolo e irracional. O sentido de comunidade deve estar presente em todos nós e, sobretudo, devemos buscar evolução conjunta para que a felicidade se converta em algo mundial, não restrito.
Se desejamos ser felizes, o sorriso deve estar presente em todos e não apenas naqueles que não padecem de dificuldades. O sofrimento, a dor, a morte e a velhice fatalmente estarão presentes em nossas vidas. Mas cabe aos que tem condições mais favoráveis fornecer auxílio a fim de amenizar os percalços que naturalmente estarão dispostos em nosso caminho.

Sendo assim, a felicidade só é completa se for global. Não há maneiras de desvincular a felicidade de um da tristeza de outro. Para que possamos gozar de pleno sentimento de alegria, devemos contribuir na melhoria da humanidade, porporcionando o crescimento moral e social de uma forma progressiva e ordenada. Quando surge a afirmativa de que somos felizes não olhamos para o lado.















Certo é que podemos nos regozijar diante da nossa existência, e agradecer tudo que a nós e concedido pela Providência. No entanto, a vibração que habita cada partícula universal é a mesma, e nossos semelhantes que apenas conhecem a angústia da fome, da doença e da solidão carregam um fardo que por nós pode ser diminuído seja por ações ou até mesmo por elevações de pensamento.

A humanidade é como um gigantesco muro onde cada um de nós é uma pedra fundamental na cosntituição deste. Este muro é uma represa para que um oceano de mazelas físicas e morais não ultrapasse nossa barreira coletiva. A medida que um de nós fraqueja uma pedra da represa abre vasão. Consequentemente, outras cederão após o rompimento da primeira. Nossa missão é nos fortalecermos, nos unir cada vez mais a fim de que a água do outro lado da nossa represa metafórica seja purificada e possa enfim nos banhar com bem aventurança.


Devemos ir em busca de nossa felicidade sobretudo através do amor ao próximo e a prática da caridade. Só assim, com a extensão do sentimento individual de alegria é que poderemos aspirar a chegada de um novo tempo, com a renovação da consiência humana. Uma orquestra se faz com todos os intrumentos em harmonia para que a melodia final seja bela e encantadora. Um instrumento desafinado põe a música em dissonância. Assim como o coro deve ter vozes afinadas para cantar a melodia cuja qual é uma ode a felicidade. Só que no mundo atual anda desafinado o coro dos contentes. Vibremos então que seja por pouco tempo.

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